As razões eram fortes, convincentes e claras. Ao longo desses dez anos de carreira, Joelma e Chimbinha batalharam arduamente por um espaço no mundo artístico, alcançaram o sucesso e revolucionaram o modo de fazer e consumir música no Brasil. Pernambuco lhes conferiu parte deste sucesso e, como não poderia deixar de ser, o casal retribuiu o gosto dos pernambucanos pelo seu trabalho gerando emprego e renda no estado.
Porém, quis saber mais sobre esta jovem dupla. Para isso, procurei ler e pesquisar sobre a trajetória de ambos e percebi que se tratava de dois bravos brasileiros, de origem simples e humilde, como a grande maioria dos homens e mulheres deste país. Marcados pela desigualdade social e econômica que ainda permeia a sociedade brasileira. Principalmente, a do Norte e Nordeste.
Nascido em Oeiras, interior do estado do Pará, Cledivan Almeida Farias, popularmente conhecido como Chimbinha, veio de uma família numerosa. Seu pai, enfrentando dificuldades para conseguir o sustento da família, mudou-se com a esposa e os sete filhos para a cidade de Belém e, sem ter onde morar, se instalou na periferia da capital paraense.
Aos dez anos, Chimbinha já trabalhava para ajudar nas despesas da casa vendendo peixe com o pai. Influenciado pelo irmão que já era músico e tocava violão em bailes, ele começou a tomar aulas do instrumento, mas a saúde debilitada do pai só aumentava a responsabilidade de Chimbinha para com a sua família.
Porém, o destino preparava algo melhor para aquele jovem sonhador. As aulas de música renderam bons frutos e, na década de 90, Chimbinha se consolidou como guitarrista profissional. Chegava a trabalhar das nove horas da manhã às três da madrugada gravando para diversos grupos musicais.
Em 1999, Chimbinha conhece Joelma, também de origem humilde, que começou sua carreira artística cantando, desde os 19 anos, na banda Fazendo Arte e participando de festivais de música na feira cultural de sua cidade natal, a pequena Almeirim, também no estado do Pará. O início do namoro coincide com a formação da banda Calypso. Para promover o primeiro CD da dupla, eles passavam o dia inteiro percorrendo as rádios da cidade, inclusive as conhecidas rádios postes onde a proximidade com a população é ainda maior.
Iniciar uma jornada de sucesso e conseguir os primeiros contratos não foi fácil. Em muitas ocasiões, a banda Calypso teve de se apresentar de graça para conseguir promover o seu trabalho. Outro fato com o qual Joelma e Chimbinha não contavam, mas que funcionou positivamente para o casal foi a comercialização de seus CDs nos camelôs.
Dessa forma, a música produzida pela banda Calypso caiu no gosto popular. Pernambuco recebeu Joelma e Chimbinha de braços abertos e não é raro ouvi-los dizer que Pernambuco é a sua segunda casa ou divulgando a nossa cultura sempre que têm a oportunidade, a exemplo do último desfile do Galo da Madrugada.
Nesses muitos anos de jornada, o sucesso foi sendo atingido sem qualquer apoio das grandes gravadoras multinacionais. A banda Calypso teve de produzir e comercializar a própria música de forma independente e foi assim que eles mudaram o conceito de mercado. Conquistaram independência em relação à indústria fonográfica e vendem milhões de discos todos os anos com preços altamente acessíveis.
Hoje, o preconceito não foi de todo vencido, mas muita gente importante vem tecendo opiniões positivas sobre o casal Joelma e Chimbinha e, consequentemente, sobre a banda Calypso. Ninguém menos que Caetano Veloso tece elogios rasgados a dupla e o antropólogo Hermano Viana diz que a banda é um símbolo das mudanças pelas quais o Brasil está passando. Foram citados ainda no livro “Free!”, De Chris Anderson, editor da revista americana Wired, como exemplo de ponta da nova economia pelo inovador modelo de negócios que desenvolvem.
Há vários anos com residência no nosso estado e com diversos empreendimentos ligados a área musical, Joelma e Chimbinha têm acrescentado uma contribuição imaterial à rica cultura pernambucana incorporando o ritmo calypso ao forró e ao frevo pernambucano. Além de serem exemplos para a nossa juventude, mostrando que é possível alcançar uma vida melhor e ajudar outras pessoas pura e simplesmente através do trabalho digno e sincero.
Muito Obrigado!"
Deputado Estadual Nelson Pereira
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